terça-feira, dezembro 05, 2006

Sua opinião... Como você respondería à essa carta?
Prezada Cynthia,
Estão fazendo isso de novo. Os comerciantes estão guiando o povo igual a sumos sacerdotes. Papai Noel é o mestre-de-cerimônias. As árvores de Natal servem de símbolo da celebração. E ofertam-se bolos e brinquedos de Natal. Os comerciantes estão propagando a religião do Natal no Japão. Sua missão foi muito bem sucedida nas últimas três ou quatro décadas. Um enorme número de japoneses converte-se a esta "religião" - pelo menos por uns dias no ano!
Isto me deixou intrigado. Muitas vezes me perguntei por que tantos japoneses, que na maior parte não são cristãos, celebram um dia festivo "cristão". Quando foi que os japoneses começaram a celebrar o Natal a tal ponto? O que há por detrás de tudo isso?
Procurando a origem do Natal japonês, encontrei a seguinte história interessante. Sõseki Natsume, grande escritor da era Meiji (1868-1912), mandou da Inglaterra um cartão natalino a Shiki Masaoka, poeta famoso, descrevendo o fascinante cenário natalino em Londres, no fim do ano 1900. Shiki até mesmo compôs um haicai, a forma mais curta de poesia japonesa, a respeito duma pequena capela no dia do Natal. Pelo visto, o Natal ainda era novidade na virada do século, no Japão. Então, quando foi que os japoneses começaram a celebrar o Natal?
Talvez lhe interesse saber que algumas autoridades afirmam que o Natal foi celebrado numa escola para moças, em Ginza, já no oitavo ano de Meiji (1875). Mas, "o costume de celebrar o Natal só começou realmente a ser adotado no Japão em 1945", observou o periódico The Christian Century. Foi quando os japoneses viram as famílias dos soldados americanos e missionários celebrar o Natal. Depois de serem derrotados na Segunda Guerra Mundial e de ficarem num vácuo espiritual, os japoneses, em geral, precisavam de algo para animá-los.
O Natal satisfez esta necessidade. Conforme pode imaginar, os comerciantes não perderam tempo para usar decorações natalinas, a fim de promover suas vendas de fim de ano. As decorações natalinas "agiam como mágica para atrair os fregueses", diz o jornalista Kimpei Shiba. "Isto se deu", acrescentou, "porque esta ornamentação era atraente e dava animação".
Mas, Cynthia, visto que mora nos Estados Unidos, você talvez não saiba que os japoneses tinham por costume trocar presentes no fim do ano, muito antes de surgirem os presentes de Natal. Dezembro sempre foi de vantagem para os varejistas. As pessoas, de carteiras recheadas com os abonos de fim de ano, entregam-se a uma onda de compras. "Este ambiente[do Natal]", porém, "dava às pessoas uma disposição alegre de gastar, e as induzia a comprar mais osei-bo [presentes de fim de ano] do que normalmente, de modo que o costume de usar decorações natalinas tem continuado", explica o Sr. Shiba.
Verifiquei que alguns se aborrecem com o comercialismo que domina o cenário natalino no Japão. Por exemplo, o jornal The Daily Yomiuri citou um americano que já vive muito tempo no Japão: "Os japoneses adotaram quase todos os truques comerciais natalinos, mas, de algum modo, o espírito da época não está presente." Ele estava falando do aspecto religioso do Natal.
Isto me induziu a examinar o lado religioso do Natal. Os afiliados a uma igreja afirmam que o Natal (25 de dezembro) é o aniversário natalício de Cristo. Quão surpreso fiquei ao encontrar na Encyclopedia of Japanese Religions que não se pode afirmar que Jesus nasceu em 25 de dezembro! A enciclopédia diz: "Embora a própria data do nascimento de Jesus não seja conhecida, o Natal começou a ser celebrado em 25 de dezembro por volta do terceiro século . . . Esta data cai aproximadamente no dia do solstício de inverno [no hemisfério setentrional], e adotou a festa pré-cristã do renascimento do sol." Renascimento do sol? Eu pensava que fosse o dia de nascimento de Jesus. Ora, como é que cristãos sinceros podem celebrar uma festa que originalmente era a celebração pagã do solstício de inverno? Não era o natalício de Jesus, mas a festa do renascimento do sol. Como podem os ocidentais que freqüentam igrejas criticar os japoneses como não tendo princípios por celebrarem um dia festivo "cristão", quando eles mesmos essencialmente têm a mesma espécie de observância?
Portanto, Cyn, eu gostaria de que me respondesse estas perguntas, visto que são muito perturbadoras. Seu amigo, Ichiro

Um comentário:

Anônimo disse...

Oie!
Pois é, esse assunto é bem complexo. Qdo vc perguntou o por quê de comemormos o Natal, "coincidentemente" eu havia conversado sobre isso com os meus alunos na mesma semana. Sendo uma pessoa qustionadora, sempre quis saber se realmente Jesus Cristo nascera nesse dia. Onde estao tais registros?
Acho que essa data foi criada, exatamente por nao haver nenhuma certeza absoluta e porque o ser humano carece de algo p/ ter onde se refugiar. Sendo assim, nesse mundo de provas, as pessoas cedo ou tarde se religam à um deus, - seja lá qual for seu nome - daí a palavra religiao. Os católicos, ou cristaos acreditam nessa data e a celebram por acreditarem piamente no nascimento do Cristo Salvador. Eu, como Espírita Kardecista, acredito que, independente da data correta, no dia em q Jesus re-encarnou, nosso planeta foi tomado por uma Luz de esperança. A tal estrela era a Luz de Cristo sendo trazida a um corpo material. Esse ser mais que Iluminado, veio p/ trazer ensinamentos, repartir o amor e a boa caridade. Infelizmente, num mundo materialista, muitos se aproveitam desse período de celebraçao p/ tirarem vantagem da fé das pessoas.
Ora, se tiram vantagem da fé c/ barraquinhas de souvenirs e lembrancinhas nas portas de igrejas (quando nao dentro delas), como em Aparecida do Norte, em Fátima nem Portugal, ou em frente de templos, por que nao numa época tao festiva?
Eu troco presentes sim na vépera de Natal, mas é um dia mais do q especial p/ estar junto a família celebrando algo tao importante. Minha família é constituída de católicos praticantes e nao praticantes, e espíritas e ainda há aqueles que sao apenas cristaos. No meu íntimo,parabenizo Jesus por "seu dia" e peço q sua Luz Divina esteja entre nós, só assim p/ esse mundo melhorar e as pessoas acordarem, literalmente.
É como aquele velho dito popular: "o q vale é a -BOA- intençao".
Super beijo e desculpe o livro! (me empolgo nesses assuntos apaixonantes!)